LINFOSARCOMA
Ao
longo dos tempos a neoplasia foi definida de
diversas formas. Actualmente sabe-se que as
principais diferenças entre células normais e células
neoplásicas são:
- a
proliferação de células neoplásicas é
descontrolada e ocorre independentemente da
necessidade de novas células;
- o
processo de diferenciação celular é
deficiente nas células neoplásicas.
Os
tumores são classificados de acordo com as células/tecidos
de origem e de acordo com as características de
crescimento. As caraterísticas morfológicas
citológicas e histológicas dos tumores podem ser
usadas para prever o seu comportamento.
Como
regra geral assume-se que um tumor benigno é
habitualmente bem delimitado, de crescimento
lento, não invasivo das estruturas vizinhas e não
metastiza à distância. Por oposição, um tumor
maligno geralmente tem contornos mal definidos,
cresce rapidamente, invade os tecidos vizinhos e
metastiza facilmente à distância. Alguns tumores
benignos metastizam com facilidade e alguns
tumores malignos apresentam crescimento lento e
surgem como massas bem delimitadas. Assim sendo,
estas características servem apenas como orientação
básica que não deve ser assumida como
definitiva. Apenas a análise citológica ou
histopatológica pode esclarecer.
A
capacidade dos tumores para metastizar e crescer
em orgãos distantes é a característica mais séria
e que mais coloca a vida em risco. A metastização
pode ocorrer por via sanguínea ou por via linfática.
Nos animais os pulmões são o local mais
frequente de metastização, embora o fígado, baço,
rins, pele e osso possam também ser afectados.
O
linfoma é caracterizado pela proliferação neoplásica
de células linfóides e pode originar-se em
qualquer orgão contendo tecidos linfóides, como
por exemplo: medula óssea, baço, linfonodos (gânglios
linfáticos), timo, sistema gastrointestinal e
pele.
O
linfoma é a neoplasia de células sanguíneas
mais frequente nos pequenos animais (cão e gato)
e pode atingir 8-10% de todas as neoplasias
caninas e 30% de todas as neoplasia felinas. Não
parece haver predisposição sexual. Algumas raças
como Boxer, Bulldog, Golden Retriever, São
Bernardo, Scotish Terrier, Airedale Terrier,
Pastor Alemão, Caniche parecem ser mais
frequentemente afectadas Afecta principalmente
animais de idade média e idosos, geralmente acima
dos 5 anos.
São
reconhecidas várias apresentações anatómicas
no linfoma canino e felino, sendo muitas vezes
classificado de acordo com a distribuição anatómica.
- multicêntrica
- alimentar
- tímica
- cutânea
- outros
orgãos (ex: rim, espinal medula, globo
ocular)
- leucemia
linfóide
A
forma multicêntrica é a forma mais comum (80%)
no cão manifestando-se por hipertrofia
("inchaço") de um ou mais linfonodos
mas pode progredir e envolver outros orgãos como
o baço, fígado, pulmões e medula óssea podendo
apresentar distensão abdominal e ascite.
A
forma tímica ou também designada de mediastínica
ou respiratória por estar relaccionada com a
presença de massa no mediastino anterior
exercendo pressão na traqueia ou com a presença
de derrame pleural, manifestando-se por stress
respiratório evidente pela dificuldade respiratória,
tosse, sons cardíacos abafados na auscultação e
dificuldade na deglutição.
Na
forma alimentar o tracto gastrointestinal e os
linfonodos associados são o local de
desenvolvimento da neoplasia podendo ser focal ou
difuso. Em ambos os casos os sintomas são
associados a disfunção ou obstrução como vómito,
diarreia, dor abdominal, perda de peso e massa
abdominal palpável, tenesmo e disquésia.
Muitas
formas de linfoma podem estar associadas a
envolvimento cutâneo nos estadios iniciais ou
finais da doença, manifetando-se por nódulos ou
massas, placas eritematosas, descamação,
prurido, etc.
Em
todas as formas de linfoma maligno surgem sintomas
não específicos como anorexia, letargia e perda
de peso.
O
diagnóstico desta patologia, frequentemente fatal
a breve trecho, passa imperetrivelmente pela análise
citológica ou, preferencialmente, histopatológia,
dos tecidos afectados demonstrando células linfóides
tumorais. Apesar de a apresentação clínica e a
história pregressa poderem sugerir fortemente a
presença de linfoma, apenas a análise citológica
ou histológica podem confirmar o diagnóstico.
Após
se ter um diagnóstico definitivo de linfoma, e
antes de se poder elaborar o plano terapêutico
mais adequado a cada caso são necessárias
investigações laboratoriais para determinar
disfunções orgânicas que podem estar associadas
com a neoplasia e detectar a presença de metástases.
O exame físico minucioso, radiografias torácicas
de boa qualidade, ecografia abdominal e análises
sanguíneas (contagem de células sanguíneas e
bioquímica sérica) e punção de medula óssea
devem ser realizados. Em gatos deve ser sempre
determinado o estado imunológico em relação a
infecções virais como a Imunodeficiência Felina
(FIV) e Leucemia Felina (FeLV). Em resumo é
necessário determinar:
- o
diagnóstico histológico da neoplasia;
- a
extensão da neoplasia;
- as
complicações relaccionadas com a neoplasia;
- qualquer
doença concomitante.
Muitas
patologias de menor gravidade podem ser
confundidas com linfoma pelo que uma abordagem
sistemática e cuidadosa permite elucidar as dúvidas
que possam surgir.
O
tratamento de linfoma é um desafio e requer total
colaboração e compreensão da natureza da
patologia por parte do proprietário do animal,
colaborando em conjunto com o veterinario
assistente. É importante saber que a esperança média
de vida de um animal com linfoma não tratado é
apenas de 6 a 8 semanas, mas que com tratamento
adequado pode atingir 12 a 16 meses embora a
maioria apenas sobreviva 5 a 6 meses.
Em
casos de massa única isolada e facilmente acessível
a cirurgia pode ter sucesso. A quimioterapia
continua a ser a principal forma de luta contra
esta terrível neoplasia. Estão descritos vários
protocolos de quimioterapia com graus de sucesso
razoáveis.
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